Estado de emergênciaEstamos em estado de emergência; ou antes, a emergência é o estado em que vivemos. De nada adiantam penhoras e juras. Somos o nosso próprio quotidiano e prometer que depois faremos melhor é uma estupenda sabotagem que fazemos à nossa esperança. Percebemo-lo com mais esta guerra: quando não actuamos, os eventos actuam por nós. É uma má ideia, pois o livre arbítrio pertence-nos. Amanhã faço dieta, no próximo mês deixo de fumar, em dois mil e tantos e tantos tratarei do meu espírito, vou ajudar o meu próximo no Natal, da mihi castitatem et continentiam, sed noli modo. São todas intenções iguais e todas são uma espécie de gatilho do inesperado, pois muito menos há a fazer quando este sucede. Temos agora a guerra porque não actuámos devidamente em tempo de paz. Para haver concórdia tem de se negociar, ceder e exigir, de contrário pode surgir o inesperado. Mesmo na cabeça dum déspota pode entrar a luz, mas tem de ser de modo atempado. O inesperado, situação nossa de todos os dias. Ainda bem que assim é, pois doutro modo tudo seria uma pasmaceira e bom é que a nossa vontade não possa mandar em tudo. Mas «o mal não é mais do que uma expressão deficiente do ser e o livre-arbítrio um bem, na medida em que sem ele o universo não poderia expandir as potencialidades nele latentes, pois estão confiadas a seres dotados com a possibilidade de escolha». Se parece familiar é porque é familiar. Agostinho de Hipona nas suas Confissões, edição da Casa da Moeda, igualmente autor da mencionada da mihi castitatem et continentiam, sed noli modo. Nem todo o inesperado é mau e nem todo o mau é inesperado. Mas este é. É a guerra, um dos quatro cavaleiros. Habitualmente acompanha-se de outro. E nesta newsletter e nos seus conteúdos não podemos deixar de acompanhar o seu trote. Começamos com uma breve história do pós-guerra e de como as incertezas mundiais geraram terras e independências, que acabaram por gerar outras terras e outras independências. A realidade destes nossos anos vinte é muito dinâmica e as actualizações são constantes, mas o que apresentamos aqui não muda porque está consagrado nos dias passados. Temos seguidamente a tomada de posição da SEDES, Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, a respeito do conflito. Ou antes, e como se afirma muito bem na comunicação, «o ataque ilegal da Rússia na Europa aos valores democráticos e liberais» e não vale a pena estar com eufemismos. Já que tratamos democracia e liberdade, e porque se assinalou o Dia Internacional da Mulher, fazemos uma análise aos progressos e à sua ausência neste 8 de Março de anteontem. Também são escusados eufemismos. Prosseguimos no tema da desigualdade e da pobreza na coluna ACEGE NEXT, desta vez pela pena de Margarida Castro Rego. Mais uma vez não há aqui eufemismos. Para terminarmos sem eufemismos, em VER DE OUTRA FORMA apresentamos as deambulações de Paulo Oliveira, proprietário da Portugal Wild Trail. A procura de tesouros é uma boa forma de felicidade e temos aqui um mapa precioso. É Março, é Primavera, estamos na Quaresma. Pés ao caminho? |
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